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Vida de estudante no Projeto Tamar

19/05/2020 - Todos os anos o Projeto Tamar recebe inúmeros estudantes para apoiar no desenvolvimento das atividades de pesquisa e educação ambiental. ↓

O Projeto Tamar/Fundação Pró-Tamar atua desde a década de 80 na conservação das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção. Todos os anos, o Projeto Tamar recebe inúmeros estudantes e profissionais recém formados em ciências biológicas, oceanologia, medicina veterinária e áreas afins, para apoiar o desenvolvimento das atividades de pesquisa e educação ambiental. Em 2019, foram 287 estagiários que passaram por nossas bases.

Nesta última temporada reprodutiva, a base da Praia do Forte contou com a presença da estudante de oceanologia da Universidade Federal do Rio Grande-FURG, Pietra Dupont, que desde 2018 está envolvida com um projeto de pesquisa que visa conhecer mais sobre a história de vida da tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea).

 “No verão de 2020 tive o privilégio de conhecer e estagiar no Projeto Tamar, na base da Praia do Forte, atuando no monitoramento de campo das tartarugas marinhas. Participei de atividades ímpares, como a busca logo ao amanhecer de nascimentos e desovas que ocorreram na praia na noite anterior; no monitoramento noturno, as “tartarugadas”; em atividades de educação ambiental com turistas e com a comunidade a partir da “caminhada dos filhotes ao mar,” e de palestras realizadas para crianças. 



O estágio em uma instituição reconhecida internacionalmente acarreta uma grande responsabilidade frente às atividades exercidas, sendo uma ótima oportunidade de amadurecimento e de trabalho com profissionais de inúmeras áreas do conhecimento, gerando uma ótima troca de aprendizado. E claro, o contato com as tartarugas marinhas em seu habitat e comportamento natural auxilia na compreensão do animal e de suas necessidades. Além disso, a oportunidade de vivenciar todos os dias experiências novas promove um enorme aprendizado pessoal e profissional a partir do contato com outras culturas, costumes, formas de pensar, agir e fazer.”


Pesquisa e Conservação

A pesquisa que vem sendo desenvolvida em parceria entre o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental - NEMA, o Laboratório de Ecologia e Conservação da Megafauna Marinha – EcoMega/FURG e o Projeto Tamar/Fundação Pró-Tamar tem como objetivo identificar áreas de alimentação das fêmeas de tartarugas-oliva que desovam em Sergipe.

Para tal, amostras de pele, sangue, carapaça e ovos foram coletadas de 22 tartarugas no momento da desova, no maior sítio de desova da espécie no Brasil, localizado na Praia de Pirambu, entre julho de 2018 e fevereiro de 2020.  Esse material foi destinado para a análise de isótopos estáveis de carbono e nitrogênio. A análise de isótopos estáveis é um método utilizado para compreender uso de habitat e a dieta de diversos organismos, de modo que cada região geográfica apresenta suas características e concentrações de químicos, o que resulta em uma assinatura isotópica incorporada pelos produtores primários (plantas e algas) que é transferida ao longo da cadeia trófica. Desta forma é possível identificar ambientes por onde os animais se alimentaram. 

Além disso, todas estas tartarugas foram equipadas com transmissores de satélite, para o acompanharmos o deslocamento dos indivíduos após o período reprodutivo. Os dados do rastreamento por satélite serão utilizados para validar os resultados obtidos com a análise de isótopos estáveis. Ao associar essas duas técnicas, é possível obter com acurácia os padrões de movimento e distribuição espaço-temporal da espécie, sendo possível identificar as áreas de alimentação utilizadas. Parte dos dados coletados neste estudo serão utilizados no trabalho de conclusão de curso da Pietra.

Tartaruga Tartaruga-de-pente ou Tartaruga-legítima

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