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Padrões reprodutivos da tartaruga-oliva mostram mais desovas da espécie no Brasil

16/02/2019 - Tartarugas da espécie passaram a desovar quase que o ano todo em Sergipe e na Bahia. Leia mais. ↓

Padrões reprodutivos da tartaruga-oliva mostram mais desovas da espécie no Brasil

Tartaruga-oliva desovando

Desde que o Projeto Tamar estabeleceu bases de pesquisa e conservação em Sergipe e na Bahia, e passou a padronizar e sistematizar os dados, foi verificado um aumento no número de desovas de tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea). Após a identificação das áreas prioritárias de desova das tartarugas marinhas no Brasil, o Tamar criou estratégias de conservação desses animais que quase tiveram seu ciclo de vida interrompido. Ao longo dos anos, os pesquisadores observaram um aumento no número de ninhos dessa espécie nas áreas monitordas pelo Tamar entre Sergipe e Bahia.

Outra curiosidade sobre o comportamento reprodutivo das olivas, e que pode ser considerada como uma adequação estratégica da espécie, é o período de desovas: a maior densidade de ninhos sempre foi registrada entre setembro e março. Mas, nas temporadas mais recentes, um aumento considerável de ninhos vem sendo registrado nos meses considerados de baixa estação, entre abril e agosto. Como conta a bióloga e pesquisadora do Tamar Sergipe Jaqueline Comin de Castilhos, tem tartaruga-oliva na praia desovando quase que o ano todo. Esse fenômeno pode estar associado aos esforços de conservação para a proteção desses animais desde o início dos anos 80, em 339 quilômetros de praias monitoradas entre Sergipe (125km) e Bahia (214km).


No mapa, a mesma região em épocas distintas. O aumento das bolinhas verdes indica aumento do número de ninhos.

"O aumento do número de ninhos foi mais intensamente verificado a partir de 2007, posicionando as praias de Sergipe e Bahia como uma das áreas mais importante de reprodução da espécie no Atlântico Ocidental. A distribuição espacial dos ninhos mudou e novas áreas passaram a ser habitadas pelos ninhos", diz Jaqueline. Áreas que antes registravam ninhos esporadicamente, passaram a registrar de forma regular. E, as praias que já apresentavam densidade considerável, também apresentaram aumento no número de ninhos.
 
Pesquisa e conservação no Brasil - O começo em Pirambu
As praias de Sergipe e da Bahia abrigam algumas das mais relevantes áreas de reprodução dessa espécie no oceano Atlântico Ocidental. A base de pesquisa de Pirambu foi a primeira a ser criada pelo Tamar, em 1981. Nesta época, pouco se sabia sobre o comportamento reprodutivo das tartarugas marinhas. Hoje, sabe-se por exemplo que a preferência das olivas por noites de ventos fortes também pode ser uma estratégia de proteção das tartarugas, pois rapidamente os rastros são apagados e os ninhos dificilmente encontrados.

Naquela época, os ovos eram uma iguaria famosa encontrada em Pirambu e até em Aracaju. Era preciso caminhar muito e ser muito insistente para conseguir encontrar e assistir a "dança" das raras olivas. Os pesquisadores aprenderam com os pescadores, pois eles preferiam as noites de lua cheia para facilitar a localização e a coleta das desovas. Esses e outros conhecimentos tradicionais, aliados ao trabalho de pesquisa, foi o início de tudo e até hoje uma das estratégias do trabalho: envolver as pessoas na conservação das tartarugas marinhas. 

A tartaruga-oliva é uma das menores do mundo, com média de 73 cm de comprimento de casco e média de 45 kg. As principais áreas reprodutivas no Brasil localizam-se entre o sul de Alagoas e o norte da Bahia, mas é em Sergipe que ocorre a maior concentração de desovas no país. É uma espécie carnívora. Alimenta-se de salpas, peixes, moluscos, crustáceos, briozoários, tunicados, águas-vivas, ovos de peixe e eventualmente algas 

A ameaça do arrasto do camarão
A pesca do camarão é a principal ameaça para as tartarugas-oliva. Existe uma sobreposição de uso de áreas entre essa pescaria costeira de arrasto e as tartarugas-olivas adultas em reprodução. "Ou seja, com esta sobreposição as tartarugas são incidentalmente capturadas e mortas ao longo dos seus deslocamentos entre as desovas. Análises conduzidas com as quase 2.000 tartarugas-oliva mortas registradas entre agosto de 2009 e julho de 2014 indicaram que mais de 90% dos encalhes foram associados à pescaria costeira de arrasto de camarão. Tal pescaria pode ser considerada como a maior causa de mortalidades de tartarugas adultas nas áreas prioritárias de reprodução", alerta a pesquisadora do Projeto Tamar.

Desde 1990, o Tamar promove a gestão participativa com pescadores e instituições relacionadas à pesca, para aprimorar medidas e compartilhar ações em defesa das tartarugas marinhas. São priorizadas ações que visam a redução de capturas incidentais desses animais, como campanhas educativas em terra e mar, monitoramento de pescarias e participação em fóruns de discussão nos diversos segmentos da pesca no país. Um dos resultados deste esforço, foi a publicação da IN 14/2004, documento construído ao longo de cinco anos com as comunidades e mais de uma década de gestão participativa entre setor produtivo de camarões e pescadores. Esta IN 14/2004 proporcionou muitos avanços na conservação das tartarugas e dos ecossistemas marinhos, com a ampliação do período de defeso de 50 para 90 dias e a exclusão de áreas para o arrasto da pesca de arrasto nos estados de Alagoas, Sergipe e Bahia.

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