18/01/2018 - De dezembro a julho, as tartarugas desovam na ilha de Fernando de Noronha, um paraíso natural brasileiro e um laboratório a céu aberto para os pesquisadores. Leia mais ↓
No Brasil, a tartaruga-verde (Chelonia mydas) desova quase exclusivamente nas ilhas oceânicas de Trindade/ES, Atol das Rocas/RN e Fernando de Noronha/PE. Existem algumas desovas ao longo do litoral, principalmente no norte baiano, com cerca de 200 desovas/ano desta espécie.
A base do TAMAR em Fernando de Noronha protege cerca de 170 ninhos por temporada (média dos últimos dez anos). Mais da metade se concentra na praia do Leão, principal área de desova no arquipélago. São levados ao mar em segurança, em média, mais de 16 mil filhotes a cada ano. O coordenador do TAMAR Noronha, Armando Barsante conta que o primeiro ninho da temporada foi registrado em 30 de dezembro de 2017, o que significa que as tartaruguinhas começarão a nascer a partir da segunda quinzena de fevereiro. Desde dezembro, o avistamento de cópulas de tartarugas marinhas tem ocorrido nas proximidades das principais praias de desova do arquipélago.
Para esta espécie existe uma flutuação muito grande no número de ninhos a cada temporada, pois as fêmeas não desovam anualmente e sim a cada três anos, em média. O recorde de desovas obtido na temporada passada (425 ninhos) é um indicativo de que a temporada atual deverá ser de baixo movimento de tartarugas, padrão já conhecido depois de mais de três décadas de monitoramento. Se o padrão se mantiver, outra temporada recorde será esperada para 2019/2020.
Desde que o TAMAR chegou em Noronha, em 1984, as tartarugas marinhas não foram mais alvo de atividades predatórias, o que consequentemente contribuiu para uma recuperação já observada pelo aumento da quantidade de ninhos. “Como uma tartaruga marinha leva cerca de 30 anos para ficar adulta, as fêmeas novatas (ainda sem a marcação do TAMAR) representam a primeira geração que cresceu sob a proteção do Projeto. Daqui 35 anos, os filhotes delas vão compor a segunda geração”, conta o coordenador do TAMAR Noronha.
Laboratório a céu aberto - Fernando de Noronha é uma das bases mais importantes para o trabalho do TAMAR. É um verdadeiro laboratório natural, pois a transparência do mar oferece excelente condição ao desenvolvimento de pesquisas sobre a biologia e o comportamento das tartarugas marinhas em seu ambiente, sobretudo quando estão submersas. É área de reprodução para tartaruga-verde e área de alimentação, crescimento e repouso para juvenis desta espécie e da tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata).
Além do monitoramento de fêmeas no período reprodutivo, a base de pesquisa e conservação desenvolve um programa de marcação e recaptura de tartarugas que utilizam a região durante uma etapa do seu ciclo de vida. Desde 1990, mais de 5 mil tartarugas já foram marcadas através de mergulho livre ou autônomo para capturar os animais. Os pesquisadores os trazem para a areia para coletar dados e o trabalho pode ser acompanhado por quem estiver na praia. Resultados desse esforço, duas tartarugas-de-pente marcadas ainda juvenis em Noronha foram recapturadas na África, demonstrando a capacidade que esses animais têm de viajar longas distâncias, até mesmo intercontinentais.
Participe da captura científica e das solturas de filhotes em Fernando de Noronha neste verão:
Captura científica - As capturas ocorrem as segundas e quintas-feiras na praia do Sueste:
Dia 22/1: 9h30
Dia 25/1: 9h30
Dia 29/1: 14h30
Dia 01/2: 14h30
Abertura de ninhos e soltura de filhotes
A soltura depende do nascimento do ninho e é divulgada no mesmo dia a partir das 8:00 da manhã para acontecer sempre às 18:00 na praia de origem do ninho.
Mais informações: Tel: (81) 3619-1174/1577/1269 e E-mail: infonoronha@tamar.org.br
O Projeto TAMAR começou em 1980 a proteger as tartarugas marinhas no Brasil. Hoje, o Projeto é a soma de esforços entre a Fundação Pró-TAMAR e o Centro Tamar/ICMBio. Trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Visite www.tamar.org.br
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