30/09/2017 - Implicações para conservação. Leia mais. ↓
Identification of loggerhead male producing beaches in the south Atlantic: Implications for conservation. (2016) Maria A.G. dei Marcovaldi, Milagros López-Mendilaharsu, Alexsandro S. Santos, Matthew H. Godfrey, Frederico Tognin, Cecília Baptistotte, Joao C.Thomé, Gustave G. Lopez, Augusto C.C. Dias, Jaqueline C. de Castilhos, Mariana M.P.B. Fuentes. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology.
O aumento da temperatura global é uma preocupação para todos os pesquisadores que trabalham na conservação das tartarugas marinhas. O impacto da variação de temperatura sobre as populações destes répteis, cuja determinação do sexo depende diretamente do calor da areia e consequentemente das condições térmicas do ninho, está sendo avaliado nesse trabalho publicado em 2016.
Compreender questões relacionadas ao aquecimento global torna-se necessário para entender a proporção sexual de machos e fêmeas que está sendo gerada no Brasil. Já se sabe que areias mais quentes produzem mais fêmeas e mais frias produzem mais machos.
A pesquisa realizada pelo TAMAR, com o apoio de diversos pesquisadores e instituições, foi desenvolvida em 21 áreas de desovas de tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), nos estados de Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. As áreas de desovas foram escolhidas por sua importância e características distintas, como por exemplo, cor da areia, incidência solar, granulometria da praia, dentre outras.
Os ninhos avaliados permaneceram em seu local de origem e foram monitorados constantemente até o nascimento dos filhotes, sendo escavados ou abertos na manhã seguinte, após o nascimento das tartaruguinhas, para determinar a espécie e o sucesso da incubação.
As estimativas de proporção sexual foram realizadas a partir do tempo de incubação dos ninhos. Os resultados indicam que a produção de tartarugas fêmeas decresce do Norte para o Sul, o que já era de se esperar, pois as praias do sul são mais frias que as do norte.
As praias dos estados de Sergipe e da Bahia geram uma maior proporção de fêmeas, com destaque para Sergipe, que registrou o maior número de tartaruguinhas fêmeas dentre todas as praias estudadas.
As praias do Espírito Santo e Rio de Janeiro apresentaram uma proporção sexual maior de machos. Porém, verificou-se existirem variações para ambos os sexos, quer seja entre anos, meses e até mesmo entre praias, indicando assim a sensibilidade das tartarugas em relação à temperatura.
Em geral, as praias de desovas de tartaruga-cabeçuda no Brasil têm tendência de produção de tartarugas fêmeas. Praias do Rio de Janeiro e Espírito Santo produziram em média 47% de filhotes machos, enquanto Bahia e Sergipe foram 6% de machos. Para todas as áreas a maior produção de machos se dá no início e final da temporada, no período relativamente mais frio.
Fig. 2. Cinza = fêmeas; branco = machos
Fig. 2. Study sites with estimated proportion of females (grey) and male (white) loggerhead hatchlings in each area
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O TAMAR tem observado um aumento no tempo de incubação nos últimos 13 anos, e vários fatores podem estar conduzindo essas mudanças, incluindo: maiores flutuações nas temperaturas da areia durante a estação de desovas entre os anos e/ou a seleção das praias de desova pelas tartarugas.
O estudo mostra que identificar as praias que geram maior número de machos e melhorar a proteção dos ninhos é uma medida mitigadora importante para minimizar os impactos causados pelo aumento de temperatura nas populações de tartarugas marinhas.
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