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Resgatado no litoral de São Paulo um macho de tartaruga marinha

16/05/2017 - Animal raro na região e de grande importância biológica para a espécie está sob os cuidados do TAMAR Ubatuba-SP e voltará para o mar assim que estiver saudável. Leia mais. ↓

Nas últimas semanas, o Projeto TAMAR Ubatuba trata de uma tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), capturada incidentalmente em uma rede de cerco flutuante pelos pescadores artesanais da Vila de Picinguaba, na região norte do município. É um macho com um metro de comprimento de carapaça e mais de 100 quilos, entregue pelos pescadores ao TAMAR, pois estava debilitado e sem a nadadeira anterior direita. Ele foi reidratado, tratado com antibióticos e alimentado durante um mês. Com todo o cuidado, ganhou 7 quilos e terá alta nos próximos dias para ser devolvido ao mar, em data a ser confirmada em breve.

Tartarugas desta espécie e deste tamanho são pouco comuns em Ubatuba. “Certamente a perda da nadadeira tem dificultado a natação do animal e consequentemente sua alimentação, culminando em um quadro de debilidade que o trouxe, através das correntes, para próximo da costa”, conta a coordenadora do TAMAR Ubatuba, oceanógrafa Berenice Gomes. Ela diz que já registraram vários casos de tartarugas sem uma nadadeira. “Muitas vezes a amputação se deve à predação por peixes carnívoros, como os tubarões. Outras vezes, pedaços de redes e linhas de pesca enrolados nas nadadeiras provocam o estrangulamento e perda gradual do membro”, detalha a coordenadora do TAMAR Ubatuba.

Conservação, Pesquisa e Educação Ambiental - O trabalho de conservação e pesquisa direcionado à interação das tartarugas marinhas com a pesca em Ubatuba foi iniciado em 1990 com um levantamento que identificou as diversas modalidades de pesca que capturam tartarugas incidentalmente. Pouco a pouco, foi estabelecida uma parceria com os pescadores artesanais no município, que voluntariamente passaram a informar o TAMAR sobre as capturas de tartarugas e sobre o funcionamento das pescarias. A partir deste esforço conjunto, já foram devolvidas vivas e saudáveis ao mar mais de 10.400 tartarugas capturadas incidentalmente na pesca nos 26 anos de existência do Projeto na região.

Com as informações coletadas sobre tartarugas mortas em redes de emalhe foi possível identificar e conhecer o funcionamento desta pescaria que causa a maior mortalidade a essas espécies e estudar formas de reduzir as capturas das tartarugas. “A proposta de evitar a pesca com redes de emalhe, durante o dia, próximo aos costões rochosos, vem sendo divulgada aos pescadores e tem sido bem aceita por eles, demonstrando-se uma prática efetiva para reduzir a mortalidade de tartarugas sem prejudicá-los”, conta o biólogo Henrique Becker, coordenador técnico do TAMAR Ubatuba.

A importância dos machos - Diferente das fêmeas, que periodicamente chegam para depositar seus ovos nas praias, os machos de tartaruga marinha vivem todo o seu ciclo de vida no mar. A temperatura é fator crucial para a definição do sexo das tartarugas marinhas, por isso os machos, que nascem principalmente no RJ e no ES por serem lugares com temperaturas mais frias, são considerados pelos pesquisadores a parte mais crítica de uma população. A pesquisa e conservação de machos adultos de tartaruga marinha pode viabilizar estudos demográficos, ou de mudanças climáticas, e depende da compreensão de suas rotas migratórias, áreas de frequência, periodicidade de visitas a áreas de reprodução e de alimentação, entre outros indicadores obtidos, por exemplo, através de sistemas de marcação ou de monitoramento por satélite.

Definição do sexo - Assim como acontece com outros répteis, o sexo da tartaruga marinha depende da temperatura do ninho durante a incubação, um período que varia em média entre 45 e 60 dias, desde a postura até o nascimento. A definição do sexo acontece em um momento específico, o período termossensitivo, geralmente no segundo terço da incubação. Por volta de 29 °C, temperatura conhecida como pivotal, é produzida cerca de metade dos filhotes fêmeas e a outra metade machos. Acima de 29°C mais fêmeas são geradas, podendo chegar a 100% de fêmeas próximo dos 33°C. Gradativamente, à medida que a temperatura diminui, o número de machos aumenta, podendo chegar a gerar 100% de machos em cenários perto de 24°C.

Tartaruga-cabeçuda - A tartaruga-cabeçuda é a mais comum desovando no litoral, com maior concentração na Bahia, ocorrendo também nos Estados de Sergipe, Espirito Santo e Rio de Janeiro. O Brasil ocupa a terceira posição entre os sítios de desova dessa espécie no oceano Atlântico. Classificada como ameaçada de extinção, é encontrada em todos os oceanos.

O Projeto TAMAR começou nos anos 80 a proteger as tartarugas marinhas no Brasil. Com o patrocínio da Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental, hoje o projeto é a soma de esforços entre a Fundação Pró-TAMAR e o Centro Tamar/ICMBio. Trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Em Ubatuba, recebe o apoio da Prefeitura Municipal e da Arcor do Brasil.

Projeto TAMAR Ubatuba
Endereço:
Rua Antonio Athanásio, 273 – Itaguá, Ubatuba/SP
Tel: (12) 3832-6202 / 7014 / 4046
E-mail: tamaruba@tamar.org.br

Saiba mais:

Tartaruga cuidada pelo TAMAR Ubatuba voltou para o mar

 

Tartaruga Tartaruga-oliva

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