04/05/2017 - Soltura de filhotes inesquecível, música e conquistas compartilhadas com amigos e visitantes. Leia mais. ↓
Nos dias 27 e 28 de abril, momentos marcantes na história do Projeto TAMAR e de Sergipe tiveram lugar no coração das mais de mil e duzentas pessoas que participaram das comemorações de 15 anos do Oceanário de Aracaju. Uma soltura de filhotes na praia com uma estrela da música, Diogo Nogueira, parceiros, visitantes, moradores e apoiadores da conservação das tartarugas marinhas anunciou que a noite do dia seguinte prometia ser espetacular. Quem esteve presente, dançou e cantou em uma animada celebração pelo aumento dos ninhos de tartaruga-oliva nas praias do estado e pelo início das comemorações do aniversário de 35 anos de parceria com a Petrobras.
Cerca de 300 filhotes de tartarugas marinhas foram devolvidos ao mar também com a participação do Gerente Geral da Unidade de Operações de Exploração e Produção de Sergipe e Alagoas/UO-SEAL, Genildo Luiz Borba, do Coordenador de Comunicação da Unidade, Ricardo Leal, dos representantes da Administração Estadual do Meio Ambiente de Sergipe (ADEMA), Diretor Técnico Anderson Gois, e de representantes da Secretaria do Meio Ambiente de Aracaju (SEMA). Também esteve presente o ex-secretário do Meio Ambiente do Estado, Genival Nunes. O cantor Diogo Nogueira falou com fãs e com a imprensa e mostrou-se contente e tocado pelo contato com as tartaruguinhas, "foi uma emoção muito grande ver a caminhada dos filhotes para o mar e poder fazer parte desse momento maravilhoso", disse com aquele sorriso contagiante.
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Na noite seguinte, o espaço cultural do Oceanário recebeu os amigos com as apresentações de primeira qualidade dos sergipanos DJ Kaska e da banda Samba do Arnesto. Ninguém ficou parado.
O balanço das Olivas
Antes da apresentação de Diogo Nogueira, o coordenador nacional do Projeto TAMAR, Guy Marcovaldi e o analista ambiental do Centro Tamar/ICMBio, César Coelho, falaram sobre o aumento de ninhos de tartaruga-oliva, agradeceram as parcerias com a Petrobras e com a comunidade, que desde o início são essenciais para proteger as tararugas marinhas no país. Em 35 anos de TAMAR, as olivas já somam quase 56 mil ninhos em praias sergipanas e do litoral norte da Bahia.
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Muitos anos de vidas
O TAMAR iniciou em 1980 um trabalho para reverter um quadro de quase interrupção de desovas das espécies de tartarugas marinhas que se reproduzem nas praias sergipanas e de outros estados. "A menor das tartarugas marinhas conseguiu reagir e surpreender. Foram centenas de noites de monitoramento, esperando pelas desovas que deveriam ser protegidas antes do nascer do sol. As olivas são pequenas e mais rápidas que as outras espécies. E são as únicas que dançam após a desova. Sim, e elas “sambam” para compactar a areia, camuflar o ninho e proteger os filhotes de futuros predadores", diz César Coelho.
TAMAR Aracaju
Mais de 1 milhão e 700 mil pessoas já visitaram o Oceanário de Aracaju. Inaugurado em junho de 2002, recebe aproximadamente 160 mil visitantes por ano em uma área construída de 1.700 m², na forma de uma tartaruga marinha com cobertura em eucalipto e piaçava. É um dos atrativos turísticos da capital do Estado, destacando-se na moderna e revitalizada Orla de Atalaia, entre espelhos d’água com pontes, calçadão, ciclovia e espaço para exposições, apresentações culturais e esportes aquáticos.
Atividades de sensibilização e educação ambiental, como visitas orientadas, palestras e exposições, favorecem a sensibilização de moradores e visitantes para a conservação do ecossistema marinho e das riquezas do rio São Francisco. Palestras, mostras de vídeo e aulas junto aos aquários, permitem aprender sobre o ecossistema do litoral sergipano e conhecer diversas espécies de animais marinhos.
Conservação e cultura
Uma das estratégias do TAMAR foi, desde o início, entrelaçar as ações de conservação com as expressões culturais. As tartarugas passaram de recurso alimentar a inspiração, cantadas em verso e prosa, poesias e músicas, homenageadas por bordadeiras e grupos folclóricos locais, como acontece até hoje, passaram a ser reconhecidas como madrinhas de todas as ações culturais e das alternativas de trabalho e renda para as comunidades litorâneas. As tartarugas marinhas passaram a valer mais vivas do que mortas. Paciência e persistência foram fundamentais nessa transformação. Orgulho para todos que direta ou indiretamente estiveram envolvidos e acreditaram neste trabalho.
Ameaças
Mesmo com resultados positivos, os registros de pescaria de arrasto preocupam e mobilizam os pesquisadores. Em Alagoas, Sergipe e no norte da Bahia, onde estão as principais praias de reprodução da tartaruga-oliva no país, o arrasto do camarão é a pescaria que mais interage com indivíduos adultos desta espécie, pois ambos utilizam a mesma área. Aproximadamente 550 tartarugas oliva adultas e subadultas encalham mortas anualmente nas praias compreendidas entre o Pontal do Peba/AL e Sítio do Conde/BA. Em cinco anos, entre as temporadas 2009/2010 a 2013/2014, foram registradas 1.998 tartarugas oliva mortas, e no ano de 2017, após o defeso do camarão em janeiro, em uma semana 105 olivas foram encontradas mortas, o maior número já registrado. A IN 14/2004 proíbe a pesca de arrastos em distâncias inferiores a 2 milhas náuticas (3.704 metros) no estado de Sergipe e 3 milhas náuticas (5.550 metros) no litoral Norte da Bahia, definidas como áreas de exclusão.
Redes de pesca, anzóis, degradação de áreas de desova, fotopoluição e a poluição dos oceanos, além das mudanças climáticas, são os principais inimigos das tartarugas marinhas e podem interromper a chance de recuperação dessas espécies.
O Projeto TAMAR começou nos anos 80 a proteger as tartarugas marinhas no Brasil. Com o patrocínio da Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental, hoje o projeto é a soma de esforços entre a Fundação Pró-TAMAR e o Centro Tamar/ICMBio. Trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.
Projeto TAMAR: Manejo Adaptativo na Conservação das Tartarugas Marinhas no Brasil
No mês das crianças, que tal se aproximar das tartarugas marinhas?
Celebração da Oceanografia: Homenagem e Inovação em Prol da Conservação Marinha
Fundação Projeto TAMAR é convidada pelo Governo Brasileiro, para missão em Benim.