29/02/2016 - Mobilização a favor dos nossos mares e praias aconteceu em fevereiro/2016 e reuniu muitos amigos das tartarugas e dos oceanos. Leia mais. ↓
A comemoração dos 25 milhões de filhotes devolvidos ao mar pelo Projeto TAMAR após 35 anos de trabalho de proteção e pesquisa de tartarugas marinhas no litoral brasileiro foi uma emocionante mobilização a favor de nossos mares e de nossas praias. Em um dia de muitos nascimentos e renascimentos, em vários locais onde há centros de visitação e bases de pesquisa e conservação, solturas de tartarugas marcaram um momento de união das pessoas pelos oceanos. Apresentações musicais, culturais, lançamento do CD ‘Tamarear’ de Milton Nascimento e Dudu Lima Trio, exposições, palestras, oficinas, visitas orientadas, rodas de capoeira, atividades com crianças e adultos reuniram mais de seis mil amigos das tartarugas marinhas em benefício das futuras gerações.
É final de temporada de reprodução 2015-2016, já poucas fêmeas sobem para desovar e continuam nascendo os filhotes nas praias do norte do Rio de Janeiro até o sul do Rio Grande do Norte, incluindo as ilhas oceânicas. O TAMAR está também no nordeste, sudeste e sul do país, em importantes áreas de alimentação de tartarugas marinhas. Nestas regiões, pesquisadores, moradores das comunidades e centenas de pessoas interessadas e dispostas a apoiar a conservação desses animais participaram de solturas de filhotes ou de tartarugas reabilitadas, que tiveram uma segunda chance após quase morrerem em redes de pesca.
“Você sabia que em uma só noite, no auge do verão, o litoral brasileiro produz aproximadamente 25 mil filhotes de tartarugas marinhas? Este número era impossível de imaginar no início dos anos 80! Pelo processo natural da vida dessas espécies apenas uma ou duas de cada mil dessas tartaruguinhas vão sobreviver”, conta o oceanógrafo Guy Marcovaldi, fundador e coordenador no Projeto TAMAR.
Nada será como antes, pois tem muito mais tartarugas no mar!!, comemora Marcovaldi. E este é o principal motivo das comemorações dos 25 milhões de filhotes: muitos nascimentos significam mais chances de sobrevivência para as cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem em nosso país, explica. Do Ceará a Santa Catarina, o dia 20 de fevereiro de 2016 ficou certamente na memória dessa geração de aliados dos oceanos, que viu o sonho do início da recuperação das tartarugas marinhas se tornar realidade.
Milton Nascimento e Dudu Lima Trio fazem apresentação inesquecível
no TAMAR Praia do Forte. [LEIA MAIS]
Nova geração - Em 2015, como resultado do constante esforço do trabalho de conservação no litoral, o TAMAR comemorou a ocupação das praias brasileiras por uma nova geração de jovens fêmeas de tartarugas marinhas, comprovando cientificamente o início da recuperação dessas espécies em nosso país. Dados analisados de 2010 a 2015 indicam o crescimento de 86,7% no número de filhotes nascidos em relação ao quinquênio anterior. Mesmo com a conquista, estimou-se que no último ano apenas 7.350 fêmeas estiveram em processo de reprodução, número pequeno, segundo Marcovaldi, mas uma grande vitória, já que no início eram poucas centenas na iminência de desaparecerem.
Originado do Museu Oceanográfico de Rio Grande com apoio dos órgãos ambientais federais, o Projeto TAMAR constatou que até o começo dos anos de 1980, a matança de fêmeas de tartarugas marinhas e o consumo de quase todos os ovos por pescadores praticamente interrompeu o ciclo de vida desses animais no Brasil. Em 1981, um pequeno grupo de oceanógrafos conseguiu viabilizar o nascimento de 2 mil filhotes, e com a parceria da Petrobras desde 1983 ampliou anualmente o número de tartarugas protegidas. Até hoje, 25 milhões de filhotes já foram para o mar graças à proteção do TAMAR. Por fatores naturais, apenas uma ou duas em cada mil tartaruguinhas sobrevivem. Mesmo ao nascerem em segurança, é no mar onde passam a maior parte da sua existência e acontece a maioria dos problemas que serão obrigadas a enfrentar. Entre 20 e 30 anos atingem a idade adulta e começam a se reproduzir, reiniciando o ciclo da vida.
As tartarugas marinhas que hoje se reproduzem no Brasil precisam prosseguir em um mundo cheio de perigos, e por isso esses animais ainda ameaçados de extinção precisam do apoio de toda a sociedade. Redes de pesca, anzóis, degradação de áreas de desova, fotopoluição e a poluição dos oceanos, além das mudanças climáticas, são os principais inimigos das tartarugas e podem interromper a chance de recuperação das cinco espécies que ocorrem no nosso país.
Projeto TAMAR - Criado há 35 anos, o Projeto TAMAR é uma soma de esforços entre a Fundação Pró-TAMAR e o Centro Tamar/ICMBio. Trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Reconhecido internacionalmente como uma das mais bem sucedidas experiências de conservação marinha do mundo, seu trabalho socioambiental, desenvolvido com as comunidades costeiras, serve de modelo para outros países. O Projeto TAMAR tem o patrocínio oficial da PETROBRAS desde 1983, através do programa Petrobras Socioambiental, e nos nove estados brasileiros onde atua recebe diversos apoios locais.
Projeto TAMAR: Manejo Adaptativo na Conservação das Tartarugas Marinhas no Brasil
No mês das crianças, que tal se aproximar das tartarugas marinhas?
Celebração da Oceanografia: Homenagem e Inovação em Prol da Conservação Marinha
Fundação Projeto TAMAR é convidada pelo Governo Brasileiro, para missão em Benim.