18/12/2015 - Análises múltiplas e diversificadas para aprimorar estratégias de conservação. Leia mais. ↓
O projeto de doutorado da bióloga Liliana Colman vem sendo desenvolvido em parceria com o Projeto TAMAR no Espírito Santo, juntamente com os pesquisadores do Marine Turtle Research Group (MTRG), na University of Exeter no Reino Unido, com financiamento do Programa Ciência sem Fronteiras do Governo Federal. O estudo vai utilizar 3 anos de dados coletados pelo TAMAR no ES para responder sobre a temperatura das praias de desova e sua relação com a proporção sexual dos filhotes gerados de tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), os possíveis impactos das mudanças climáticas dentre outras questões como uso de habitat e análise das tendências populacionais, esta última usando dados do TAMAR desde 1988. Pesquisas recentes indicam que estratégias de conservação para espécies migratórias como as tartarugas marinhas devem incluir análises múltiplas e diversificadas para entender melhor sua ecologia e as ameaças a que estão submetidas, além das perspectivas de proteção.
Foto: termômetro instalado no ninho. Clique na imagem p/ampliar. Até o momento, os pesquisadores já marcaram 13 fêmeas diferentes que subiram para desovar nas praias capixabas e registraram 80 ninhos de tartaruga-de-couro nesta temporada 2015-2016. Termômetros estão sendo instalados nos ninhos para monitorar a temperatura durante a incubação e amostras de tecido e ovo estão sendo coletadas para análise de isótopos estáveis, que contribuem para elucidar questões sobre a ecologia alimentar e identificar áreas de alimentação e padrões de uso do habitat pelas tartarugas, unindo esforços com o trabalho de proteção que já vem sendo desenvolvido pelo TAMAR, conta a pesquisadora Liliana Colman.
O coordenador do Centro Tamar/ICMBio, Joca Thomé, explica que estudos complementares a esta pesquisa realizados pela equipe do TAMAR e parceiros, englobando os usos das áreas de desovas, terrestres e marinhas, políticas públicas e comunidades envolvidas, vão apresentar um plano de desenvolvimento para a região, visando a conservação destas espécies e a manutenção da qualidade de vida das comunidades tradicionais.
Gigantes ameaçadas
As tartarugas-de-couro estão criticamente ameaçadas de extinção no Brasil. O litoral norte do Espírito Santo é a única área conhecida de desova regular da espécie em nosso país, e é registrado a cada temporada reprodutiva um número reduzido de ninhos, variando entre 50 e 180, aproximadamente.
A distribuição geográfica restrita da espécie, o baixo número de fêmeas por ano, somado às muitas ameaças a que estão expostas essas tartarugas (como captura incidental nas artes de pesca, poluição dos oceanos e praias, desenvolvimento costeiro, iluminação e as mudanças climáticas) tornam o estudo e a conservação desta espécie de extrema relevância.
O Projeto TAMAR no Espírito Santo trabalha e protege as praias de desova de tartarugas marinhas desde 1982. Nestas décadas, muitos resultados já foram alcançados com a proteção dos ninhos e filhotes, e o registro do aumento no número de ninhos ao longo dos anos significa o início de uma possível recuperação da espécie.
Projeto TAMAR
Criado há 35 anos, o Projeto TAMAR é uma soma de esforços entre a Fundação Pró-TAMAR e o Centro Tamar/ICMBio. A Fundação Pró-TAMAR é uma instituição privada sem fins lucrativos fundada em 1988 e considerada de Utilidade Pública Federal desde 1996. O TAMAR trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Reconhecido internacionalmente como uma das mais bem sucedidas experiências de conservação marinha do mundo, seu trabalho socioambiental, desenvolvido com as comunidades costeiras, serve de modelo para outros países. Protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. O Projeto TAMAR tem o patrocínio oficial da PETROBRAS desde 1983, através do Programa Petrobras Socioambiental, e nos nove estados onde atua recebe diversos apoios locais.
Projeto TAMAR: Manejo Adaptativo na Conservação das Tartarugas Marinhas no Brasil
No mês das crianças, que tal se aproximar das tartarugas marinhas?
Celebração da Oceanografia: Homenagem e Inovação em Prol da Conservação Marinha
Fundação Projeto TAMAR é convidada pelo Governo Brasileiro, para missão em Benim.