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A importância dos machos na pesquisa e conservação das tartarugas marinhas

28/10/2015 - Machos de tartaruga marinha são difíceis de estudar, pois nunca saem da água. Leia mais. ↓

A importância dos machos na pesquisa e conservação das tartarugas marinhas

Macho de tartaruga-de-pente (Foto: Mayla Dambrowsky)

Diferente das fêmeas, que periodicamente chegam para depositar seus ovos nas praias, os machos de tartaruga marinha vivem todo o seu ciclo de vida no mar. A temperatura é fator crucial para a definição do sexo das tartarugas marinhas, por isso os machos são considerados pelos pesquisadores a parte mais crítica de uma população. A pesquisa e conservação de machos adultos de tartaruga marinha pode viabilizar estudos demográficos, ou de mudanças climáticas, e depende da compreensão de suas rotas migratórias, áreas de frequência, periodicidade de visitas a áreas de reprodução e de alimentação, entre outros indicadores obtidos por exemplo através de sistemas de marcação ou de monitoramento por satélite.

Em Fernando de Noronha/PE, a fotógrafa Mayla Dambrowsky registrou um macho de tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) nadando no entorno da ilha, nas Cabras, no início de 2015. Como explica o coordenador do TAMAR em Noronha, Armando Barsante, "não é comum encontrar tartarugas-de-pente adultas próximas ao arquipélago. No banco de dados constam apenas 2 registros de macho flagrado na ilha, sendo do mesmo indivíduo que foi capturado duas vezes em 2009. Mayla disse que não encontrou sinal de marcações de metal nas nadadeiras, e provavelmente esse é o segundo macho adulto já registrado na ilha". A tartaruga-de-pente é encontrada em Noronha principalmente na fase juvenil, utilizando as áreas para refúgio, descanso e desenvolvimento, depois migra para áreas de reprodução. Existe a possibilidade de tartarugas adultas dessa espécie estarem utilizando locais em volta do arquipélago que ainda não são conhecidos pelos pesquisadores. Assim, registros fotográficos como esse podem ajudar a esclarecer o uso dessas áreas por tartarugas-de-pente adultas, conta o coordenador.

Na Praia do Forte/BA, machos de tartaruga-verde (Chelonia mydas) foram recentemente encontrados encalhados mortos e vivos também, resgatados com saúde e devolvidos ao mar, outro capturado na pesquisa da Pedra da Tartaruga, que marca e registra tartarugas em uma área de alimentação a 600 metros da costa.

Mudanças climáticas - Para conhecer os possíveis impactos das mudanças climáticas em tartarugas marinhas o TAMAR e a pesquisadora Mariana Fuentes, da Universidade Estadual da Flórida, analisaram o tempo de incubação de 27.697 ninhos de tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) ao longo de 21 praias de desova de 4 estados brasileiros (SE, BA, ES, RJ), nos últimos 25 anos. Os dados permitiram identificar as principais praias e meses de produção significativa de machos no Atlântico Sul, informações que têm se destacado atualmente nas pesquisas sobre tartarugas marinhas no mundo para auxiliar a mitigação de possíveis impactos de aumento de temperatura. O estudo mostrou uma proporção sexual mais balanceada de machos (47%) em relação às fêmeas no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, e baixa produção de machos dessa espécie (6%) em Sergipe e na Bahia. Saiba mais sobre a pesquisa.


Macho de tartaruga-verde (Chelonia mydas). Foto: Banco de imagens Projeto Tamar

Curiosidade - Só é possível diferenciar sexualmente as tartarugas marinhas em animais adultos. Os machos possuem cauda e unhas maiores, por exemplo. No estágio juvenil é inviável identificar o sexo por essas características, pois ainda não estão aparentes. Somente quando são adultos a cauda dos machos fica maior que a das fêmeas, aí sim há possibilidade de identificar, mas nem sempre de forma totalmente segura. Ou pode-se utilizar técnicas científicas mais seguras, porém difíceis de usar em campo, onde muitas vezes tudo acontece rapidamente para não prejudicar o animal. E ainda em animais mortos, no procedimento da necropsia, é possível saber.

Tartaruga Tartaruga-oliva

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