31/07/2015 - Programa de marcação revela informações fundamentais para a conservação desses animais ainda ameaçados de extinção. Leia mais. ↓
Em maio de 2015, na ilha Bermuda, no Caribe, uma tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) foi resgatada com marcas do Brasil pelo Bermuda Aquarium Museum and Zoo após ter ingerido um anzol de pesca. O rastreamento da numeração indicou que a tartaruga foi marcada no Atol das Rocas em janeiro de 2006, medindo 40 cm de casco na época. Ainda foi recapturada no Atol mais duas vezes em 2008, e na última vez já media 56 cm de casco. Os pesquisadores do Projeto TAMAR descobriram que o animal havia percorrido no mínimo 5.193 quilômetros, que é a menor distância em linha reta entre os dois pontos, sendo a mais longa migração já registrada por uma tartaruga-de-pente marcada no Brasil. Três outras tartarugas-de-pente marcadas no país, duas em Noronha e uma no Atol das Rocas, já foram recapturadas na África (Guiné Equatorial, Gabão e Senegal), e a maior distância percorrida por elas até então era de 4.670 quilômetros.
Após o tratamento, totalmente livre do anzol e recuperada, a tartaruga foi liberada em julho de 2015, e foi remarcada com grampos marcadores dos EUA. Na ocasião, a tartaruga mediu 68 cm de comprimento de casco, o que indica que ainda é um animal imaturo. As menores fêmeas desovando naquela região (a área de desova mais próxima de Bermuda para esta espécie é no Panamá) medem no mínimo 74 cm de comprimento de casco. No Brasil, os animais são maiores, sendo as menores fêmeas vistas desovando a partir dos 80 cm.
Até a década de 80, diferente das outras espécies de tartarugas marinhas, acreditava-se que as tartarugas-de-pente eram não migratórias. Diversos estudos têm sido desenvolvidos no mundo, incluindo novos programas de marcação e métodos sofisticados de monitoramento e conhecimento, como genética e telemetria de satélite. Esta combinação de ferramentas tem levado ao reconhecimento de que as tartarugas-de-pente podem migrar longas distâncias, explica a coordenadora de conservação e pesquisa do Projeto TAMAR, Neca Marcovaldi. Para animais que se dispersam de uma forma tão vasta, o uso de métodos que permitem sua detecção em áreas tão extensas é essencial. Os marcadores de metal são ideais, portanto, pois se destacam e qualquer pessoa pode reconhecer um animal marcado e avisar aos pesquisadores. Mesmo com o emprego de outros métodos mais sofisticados, como chips subcutâneos, o uso dos marcadores de metal é ainda muito indicado, pois permite a detecção do animal sem necessitar conhecimentos específicos.
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