17/07/2015 - A descoberta é de fundamental importância para a conservação da espécie. Leia mais. ↓
Para conhecer os possíveis impactos das mudanças climáticas em tartarugas marinhas o Projeto TAMAR e a pesquisadora Mariana Fuentes, da Universidade Estadual da Flórida, analisaram o tempo de incubação de 27.697 ninhos de tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) ao longo de 21 praias de desova de 4 estados brasileiros (SE, BA, ES, RJ), nos últimos 25 anos. Os dados permitiram identificar as principais praias e meses de produção significativa de machos no Atlântico Sul, informações que têm se destacado atualmente nas pesquisas sobre tartarugas marinhas no mundo para auxiliar a mitigação de possíveis impactos de aumento de temperatura. O estudo mostrou uma proporção sexual mais balanceada de machos (47%) em relação às fêmeas no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, e baixa produção de machos dessa espécie (6%) em Sergipe e na Bahia.
No Brasil, as principais áreas de desova de tartaruga-cabeçuda estão localizadas no litoral norte da Bahia e em Sergipe, e no litoral norte do Rio de Janeiro e no Espírito Santo. Estudos genéticos indicam que no país existem duas sub-populações ou estoques de tartaruga-cabeçuda. A população do norte, que desova nos estados de BA e SE, e a do Sul que desova no ES e RJ, explica a coordenadora de pesquisa e conservação do TAMAR, Neca Marcovaldi. Estudos anteriores já identificaram praias de produção significativa de machos dessa espécie no Espírito Santo (Brasil), sudoeste da Flórida (Estados Unidos), Ilhas Kuriat (Tunísia), Ilhas Zakynthos (Grécia), e Ilha Heron (Austrália).
As análises de dados até o momento não indicam haver tendência potencial de mudança climática nessas áreas para a espécie Caretta caretta, afirma a coordenadora do TAMAR. A continuidade dos estudos, além de relevante indicador sobre as mudanças climáticas, auxilia a conservação das tartarugas marinhas, pois permite acompanhar parâmetros para avaliar a viabilidade de uma população e eventualmente realizar estratégias de manejo para proteger as espécies.
Sentinelas do clima - As tartarugas marinhas conviveram com os dinossauros e conseguiram sobreviver a todas as mudanças que ocorreram no planeta. Já enfrentaram climas muito mais quentes e também mais frios que os atuais. Muito sensíveis a mudanças na temperatura, são consideradas sentinelas para avaliação da qualidade do ambiente e das transformações no clima. Pesquisar e entender como as mudanças climáticas podem impactar no ciclo de vida desses animais ameaçados de extinção é tema relevante para a ciência atualmente.
Diferente das aves, que permanecem no ninho chocando, as tartarugas marinhas precisam colocar seus ovos na areia de praias tropicais para que o calor do sol os incube. A temperatura do ninho deve estar entre 24 e 33°C, uma vez que abaixo ou acima dessa faixa os embriões não se desenvolvem. É por isso que no Brasil praticamente não há desovas de tartarugas marinhas na região sul do país, sendo encontradas desovas regulares somente a partir do litoral do Rio de Janeiro rumo ao norte.
Definição do sexo - Assim como acontece com outros répteis, o sexo da tartaruga marinha depende da temperatura do ninho durante a incubação, um período que varia em média entre 45 e 60 dias, desde a postura até o nascimento. A definição do sexo acontece em um momento específico, o período termossensitivo, geralmente no segundo terço da incubação. Por volta de 29 °C, temperatura conhecida como pivotal, é produzida cerca de metade dos filhotes fêmeas e a outra metade machos. Acima de 29 °C mais fêmeas são geradas, podendo chegar a 100% de fêmeas próximo dos 33 °C. Gradativamente, à medida que a temperatura diminui, o número de machos aumenta, podendo chegar a gerar 100% de machos em cenários perto de 24 °C.
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