25/11/2011 - No Brasil, esta espécie desova com regularidade somente no litoral norte do Espírito Santo. As equipes do Tamar estão em alerta. Acompanhe as notícias. ↓
Tartarugas gigantes ou de couro (Dermochelys coriacea), que no Brasil desovam com regularidade somente no litoral norte do Espírito Santo, foram encontradas, durante o mês de novembro, nos Estados do Ceará, Sergipe e Bahia, em episódios raros e diferentes situações: um macho foi capturado em um curral de pesca, tradicional armadilha utilizada em Almofala/CE; uma fêmea subiu para desovar na praia da Caueira, no Abaís/SE; e na Barra de Itariri, município de Conde/BA, um rastro e um ninho de tartaruga gigante foram encontrados.
A tartaruga de couro é a maior das cinco espécies que ocorrem no Brasil, com menor quantidade de ovos por ninho. Passa a maior parte da vida na zona oceânica. Embora a região reprodutiva seja o litoral do Espírito Santo, na foz do rio Doce, há relatos de desovas ocasionais no Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
No curral de Almofala
Um macho de tartaruga gigante foi capturado incidentalmente (3/11) em um curral de pesca na praia de Almofala, sede da base do Tamar no Ceará, para onde os pescadores levaram o animal. Havia um anzol no esôfago e restos de linha de pescaria enroscados na nadadeira, impedindo-o de nadar normalmente. Pesava 230kg e media 1.49m de comprimento de casco. Depois de tratado e reabilitado, foi liberado de volta ao mar, quatro dias após sua captura.
Segundo Eduardo Lima, coordenador regional do Tamar no Ceará, é muito rara a ocorrência dessa espécie no litoral cearense, assim como sua captura incidental em currais de pesca, tipo de armadilha tradicional em que a tartaruga não morre, mas também não consegue se libertar sem ajuda dos pescadores.
Nesses 18 anos em que o Tamar trabalha na região, esta é a segunda captura de uma tartaruga de couro registrada. Nesse período ocorreram somente 12 encalhes e apenas três desovas de exemplares dessa espécie: no Parque Nacional de Jericoacoara, em Fortaleza e em Almofala.
Desova na praia das olivas
No litoral de Sergipe, onde predominam as tartarugas olivas (Lepidochelys olivacea), uma fêmea de tartaruga gigante subiu à Praia da Caueira, no Abaís (17/11). Tal fenômeno nunca foi presenciado no Estado de Sergipe, segundo relato do coordenador regional do Tamar, Cesar Coelho.
Naquela noite, a equipe esperava por um grande número de desovas da pequenina tartaruga oliva, devido às condições favoráveis criadas pela combinação de fortes ventos leste-nordeste, final de lua cheia e de maré de quebramento. Mas todos foram surpreendidos pela presença rara e magnífica de uma gigante com 1,53 m de comprimento por 1,13 m de largura de casco. Até então, a comunidade do Abaís apenas ouvira desconfiada relatos exagerados de pescadores sobre a quase lendária tartaruga gigante. O animal foi marcado com um código de identificação, durante procedimentos de praxe, e liberado ao mar.
Caça ao tesouro no Conde
No quilômetro 6 da praia de Barra do Itariri, município de Conde/BA, foram encontrados (20/11) rastro e uma cama de areia, que a tartaruga faz para se acomodar e fazer a postura, mas o ninho não foi achado logo pela equipe do Tamar. Havia apenas, deixados para trás, em cima do rastro, quatro ovinhos (foto). Era um indício de que a tartaruga poderia ter desovado. As buscas continuaram e, com a ajuda dos tartarugueiros, o ninho de uma tartaruga de couro foi localizado.
Nos próximos dias, todas as equipes do Tamar estarão em alerta para checar se este é o mesmo animal marcado em Sergipe, pois a região fica cerca de 86 Km ao sul da Praia da Caueira, e durante a temporada de desova, uma tartaruga pode retornar várias vezes para desovar. As de couro podem demorar 10 dias entre uma desova e outra. Aguardem mais notícias.
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