09/05/2011 - Oxosse, como foi batizada, foi uma das tartarugas de pente que receberam na Bahia o transmissor via satélite, durante a temporada reprodutiva de 2004/2005. ↓
O Projeto Tamar/ICMBio amplia cada vez mais o conhecimento sobre o comportamento das tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil: uma tartaruga de pente acaba de voltar à Bahia, para desovar pela segunda vez desde que passou a integrar o Estudo sobre a Biologia das Tartarugas Marinhas através de Telemetria por Satélite, realizado pelo Tamar com a participação do Cenpes - Centro de Pesquisas da Petrobras e de outros parceiros.
Oxosse, como foi batizada, foi uma das tartarugas de pente que receberam na Bahia o transmissor via satélite, durante a temporada reprodutiva de 2004/2005. Ela foi flagrada desovando em frente à base de Arembepe, na manhã de 11 de fevereiro último. Havia perdido as duas anilhas de marcação, mas ainda mantinha o transmissor acoplado ao casco, embora já não emitisse mais sinais, por causa de danos do equipamento.
Comportamento e rotas - Depois de receber o transmissor em fevereiro de 2005, Oxosse viajou no sentido nordeste e norte, atingindo o litoral do Estado do Pará, provavelmente em busca das áreas de alimentação. Na temporada 2006/2007, embora não tenha registrado o flagrante durante o monitoramento noturno, a equipe do Tamar na Bahia identificou seu retorno através dos sinais emitidos pelo transmissor do animal, indicando que teria retornado para desovar, pela primeira vez, após a instalação do equipamento. Seus deslocamentos podem ser observados através do mapa.
“O seu segundo retorno, agora nessa temporada 2010/2011, ou seja, quatro anos depois da instalação do equipamento, ajuda-nos a elucidar o comportamento migratório, conhecer as rotas utilizadas pelas diferentes espécies e dar continuidade aos estudos prioritários para conhecer melhor o ciclo de vida das tartarugas marinhas”, analisa o biólogo Gustave Lopez, coordenador regional do Tamar na Bahia.
Aplicação dos dados - O Estudo da Biologia das Tartarugas Marinhas através de Telemetria por Satélite, iniciado em 2000/2001, tem como objetivo pesquisar os deslocamentos reprodutivos e pós-reprodutivos de quatro espécies, fazendo inclusive análises de DNA e avaliação da influência da pesca oceânica sobre suas populações.
Na época, o Tamar iniciou suas primeiras experiências através das bases de Comboios/ES e Almofala/CE, com a parceria de institutos de pesquisa internacionais. O Ceará monitorou sete juvenis de tartaruga-verde (Chelonia mydas) e o Espírito Santo rastreou oito fêmeas de cabeçuda (Caretta caretta).
Em uma segunda etapa, iniciada em 2005, foram instalados transmissores em 39 indivíduos, incluindo 10 cabeçudas (Caretta caretta), 10 olivas (Lepidochelys olivacea), 15 de pente (Eretmochelys imbricata) e quatro de couro (Dermochelys coriacea).
Com o monitoramento concluído, os dados recolhidos estão agora sendo analisados e organizados pelos pesquisadores do Tamar, para divulgação dos resultados, ainda esse ano, através de publicações científicas. Há três trabalhos prontos, em revisão, e um quarto em fase de conclusão.
Segundo ainda o biólogo Gustave Lopez, as informações recolhidas são muito importantes para o planejamento e execução das ações de conservação das tartarugas marinhas. Serão úteis para subsidiar medidas de proteção, ordenamento da pesca, licenciamento ambiental e criação de áreas marinhas protegidas.
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