10/05/2010 - Estudo que acaba de ser concluído, no litoral Sergipe - onde se registram 85% da ocorrência dessa espécie no litoral brasileiro -, ajudou a ampliar o conhecimento sobre a alimentação das tartarugas-oliva. Leia mais. ↓
A dieta da tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) é uma das menos conhecidas entre as tartarugas marinhas. Estudo concluído em dezembro último, no litoral Sergipe - onde se registram 85% da ocorrência dessa espécie no litoral brasileiro -, ajudou a ampliar o conhecimento sobre a alimentação das olivas. Essas novas informações contribuem para esclarecer a causa mortis dos animais e fornece dados que possam comprovar a interação entre as tartarugas marinhas e as artes de pesca que operam na região.
“A confirmação desta interação pode embasar tecnicamente futuras medidas de ordenamento ou criação de áreas de exclusão de pesca, dentre outras estratégias para a conservação da população de oliva que se reproduz em Sergipe e na Bahia”, afirma o coordenador regional do Tamar em Sergipe, engenheiro de pesca Cesar Coelho.
O estudo foi no Tamar pela bióloga Liliana Poggio Colman, como monografia ao bacharelado em Ciências Biológicas (especialidade em zoologia-organismos aquáticos), pelo Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia. Envolveu coletas, durante um ano, de tratos de tartarugas mortas.
Já formada, Liliana trabalha atualmente na base de Arembepe, depois de estagiar em Fernando de Noronha/PE e em Pirambu/SE. “Enquanto estagiava”, lembra a bióloga Jaqueline Castilhos, coordenadora técnica do Tamar em Sergipe, “Liliana demonstrou interesse em fazer sua monografia sobre as tartarugas marinhas e foi em Pirambu que a orientamos sobre a importância do estudo da dieta das olivas para a conservação da espécie”.
Presas de fundo - Através da coleta e análise de conteúdos estomacais das tartarugas mortas encontradas nas praias do litoral sergipano, a pesquisadora constatou que estes animais se utilizam primariamente de presas associadas ao fundo do mar, como caranguejos, siris, camarões, moluscos e peixes demersais, além de aparentemente também se alimentarem de descartes da pesca. A maioria das presas é encontrada em fundos lamosos rasos, bocas de rios e estuários.
O estudo, aliado aos resultados obtidos pela telemetria por satélite, evidenciam a utilização, pelas tartarugas-oliva, das áreas associadas à plataforma continental, onde se alimentam e realizam migrações pós-reprodutivas. “Fica evidente a importância destas áreas, próximas à costa, para a proteção desta espécie, principalmente durante os meses da temporada reprodutiva”, afirma a bióloga Jaqueline Castilhos.
Perda importante - Muitas das tartarugas que aparecem mortas na praia apresentam ovos em formação, indicando a perda de animais ativos em termos reprodutivos e, por consequência, grande perda para a população dessa espécie, afirma a coordenadora técnica do Tamar em Sergipe.
O registro de animais adultos encalhados mortos nas praias de desova, com presença de camarão no trato digestivo, indica uma possível interação com a pesca de arrasto de camarão. Ou seja, as tartarugas estão se aproximando para reprodução na mesma área em que ocorre a pesca de arrasto de camarão, tornando-se suscetíveis à captura.
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