30/12/2022 - Como as boas práticas de iluminação podem minimizar os efeitos da fotopoluição. ↓
O efeito negativo que as luzes artificiais causam ao meio ambiente é chamado de fotopoluição. Não há ocupação humana sem o acréscimo de emissão de luz artificial. A iluminação causada pela urbanização afeta polinizadores, plantas e até mesmo o ser humano. No caso das tartarugas marinhas, as luzes artificiais que incidem nas praias de desovas são impactantes para as fêmeas, mas principalmente para os filhotes, os quais nascem preferencialmente a noite e utilizam a iluminação natural que o mar reflete para orientar seu caminho entre o ninho e o mar. No entanto, as luzes artificiais desviam o filhote desse caminho, fazendo com que eles andem em direção ao ponto de luz, ao invés de se direcionarem ao mar. Isso faz com que esses filhotes tenham um gasto energético desnecessário e muitas vezes acabam por morrer devido ao stress térmico causado após o nascer do sol.
O problema da fotopoluição ocorre em todo o mundo, mas hoje, devido às pesquisas realizadas nas últimas décadas, já é possível conciliar a ocupação humana com a manutenção da qualidade das praias de desova. Além disso, boas práticas de iluminação contribuem para minimizar o gasto energético do empreendimento e se configuram em um ativo para o mesmo.
Em Aracaju, novos projetos de revitalização da orla têm tornado a praia cada vez mais iluminada, com o aumento significativo de registros de fêmeas desorientadas e filhotes mortos atropelados ao longo da rodovia na beira da praia.
A Fundação Projeto Tamar atraiu a atenção para essa questão participando da articulação entre órgãos ambientais municipais e estaduais bem como o Centro Tamar/ICMBio, levantando a necessidade de adequação da iluminação para minimizar o problema.
Como resultado, várias medidas foram incorporadas na ampliação da Orla Sul do Município de Aracaju. As luminárias existentes foram substituídas por lâmpadas com menor intensidade e receberam anteparas para direcionamento do foco luminoso, reduzindo a luminosidade na praia.
O monitoramento e as tratativas para adequação na iluminação em áreas reprodutivas das tartarugas marinhas também estão sendo acompanhadas em outros municípios de Sergipe como Pirambu e Barra dos Coqueiros, e espera-se que essa experiência positiva sirva de exemplo e sejam incorporadas em outras áreas em Sergipe e no Brasil.
Quando a Fundação Projeto Tamar iniciou o trabalho de conservação das tartarugas marinhas as praias de desova eram em sua maioria desertas ou pouco ocupadas. Ao longo dos últimos 40 anos essa realidade vem mudando e cada vez mais rapidamente a luz passou a ser um fator de problema. Da mesma maneira que houve um processo de sensibilização para que as pessoas deixassem de comer os ovos das tartarugas, tornou-se importante a sensibilização de prefeituras e empresários da construção, sobre a importância de boas práticas de iluminação nas ocupações nas proximidades das áreas de desovas, para garantir que os filhotes atinjam o mar sem desorientação e sigam o seu ciclo de vida.
Saiba mais em: Jornal Nacional | Preservação das tartarugas marinhas ganha aliado novo em Sergipe | Globoplay
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